quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Pessach: A Páscoa Judaica

Pratos típicos e culinária cheia de significados formam o jantar de Pessach, evento que comemora a saída dos judeus escravos do Egito

Uma das festas mais importantes do calendário judaico, o Pessach, conhecido como a Páscoa judaica, relembra a saída dos judeus do Egito antigo, onde eram escravos, depois de libertados por Moisés, há mais de 3 mil anos. E é pela culinária que a tradição se mantém.

Diz a história que, em meio à pressa em deixar a região, o povo judeu levou a massa de pão antes mesmo que ela tivesse fermentado. Partindo dessa passagem bíblica, o cardápio de Pessach ganhou um caráter todo especial, pois proíbe qualquer tipo de fermento ou alimento sujeito à fermentação durante os oito dias da festividade. Daí o fato de a matzá, pão ázimo feito com água, farinha e sal, sem fermento (comprado pronto), ser seu símbolo maior, substituindo o pão comum e que pode ser comprado em lojas especializadas.

Para celebrar o Pessach, um jantar - Seder - é realizado na primeira noite. O Seder, que quer dizer "ordem", é um verdadeiro ritual didático cuja seqüência é ditada pela Hagadá, um livro que indica as orações que acompanham o jantar, os diferentes elementos culinários e seus significados, além das canções típicas, tudo relacionado à história do êxodo do Egito.

Entre os principais pratos, o guefilte fish, que abre o jantar, é o clássico bolinho de peixe geralmente feito de carpa ou dourado.

Outro prato presente em qualquer mesa judaica, o kneidalech é composto de bolinhos feitos de farinha de matzá. Na receita original são acompanhados de um caldo dourado feito de galinha que pode ser servido líquido ou gelatinoso. A iguaria é servida após o guefilte fish.

Segundo alguns especialistas não há uma culinária judaica, mas um jeito judaico de cozinhar. Os judeus não tinham uma nação judaica, por isso preparavam a comida de acordo com a região em que viviam. Isto explica as diferentes versões dos mesmos pratos, em razão de origem, tradição ou cultura de cada família.

Outro prato à base do pão ázimo, a mayena (ou mina) consiste em uma lasanha crocante com ricota ou mussarela, tomate e espinafre. Já a sobremesa de compota de frutas está presente em toda mesa judaica de Pessach e leva damasco seco, passa e ameixa seca aromatizada com canela, cravo-da-índia e casca de limão.

Mais que uma reunião de comensais, há tradição, história, ensinamento, lembranças de família e elementos culinários que resgatam a história dos antepassados judeus. Tudo isso resume o espírito do Se-der de Pessach, uma festa que deve começar com os votos de Chag Sameach! (feliz festa) e terminar com o prazer de trocar e discutir livremente idéias diferentes. Afinal, é tempo de celebrar a liberdade.

Tradição e Simbolismo

Antes de toda e qualquer cerimônia judaica, as mulheres acendem velas e oram pedindo bênçãos.

Fundamental na cerimônia de Pessach, o keará (prato especial) deve conter seis elementos culinários simbólicos que são consumidos por todos os participantes: marór, raiz-forte para lembrara amargura da vida dos escravos; karpás, verduras frescas que são mergulhadas em água salgada remetendo às lágrimas dos escravos; chazéret, ervas amargas que complementam o marór; charosset, mistura de maçã ralada, vinho tinto, nozes, canela e mel que representa a argamassa usada nas construções do antigo Egito; zerôa, osso de cordeiro ou pescoço de ave queimado lembra o sacrifício do cordeiro pascal; e beitzá, ovo cozido de triplo significado -o segundo sacrifício, que só era oferecido no templo em Pessach, o luto que os judeus devem guardar eternamente pela destruição dos dois templos de Jerusalém, símbolo da vida e da continuidade.

0 vinho não fermentado também é oferecido em uma taça vistosa ao profeta Eliahu Hanavi, o "anjo" que visita os lares judaicos na noite de Pessach.

Fonte: Revista Cláudia Cozinha
Demetrius Demetrio

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